O meu percurso dentro de Servas começou há uns 20 anos atrás. Acabado o meu curso em Línguas e Literaturas Modernas, aceitei o convite de um grupo de amigos e parti à descoberta da Europa, por comboio (Interrail). Um dos amigos tinha ouvido falar de Servas, como a oportunidade de ficar em casa de pessoas de vários países, sem dar nada em retorno a não ser atenção e partilha de informações sobre o nosso (e o deles) país e decidimos fazer as entrevistas e explorar esta possibilidade.
Posso dizer que esta foi a aventura que modificou a minha vida de várias maneiras: conheci pessoas fantásticas e lugares maravilhosos. Um holandês que me levou, encavalitada na sua bicicleta (ele não tinha carro) às urgências (dentista) porque me apareceu um abcesso doloroso, uma familia suíça que nos acolheu na sua quinta e nos ofereceu leite quente e acabado de sair da têta da vaca (hehehe), uma familia norueguesa que nos levou à floresta apanhar cogumelos, que depois foi o nosso jantar, um dinamarquês que nos quis fazer um jantar-surpresa (nós também queriamos, fizemos almôndegas e desatamos a rir quando verificamos que o que ele nos serviu era o mesmo que tinhamos feito), um sueco que me ofereceu um dicionário de sueco-português...enfim as pessoas que conhecemos inundaram os nossos corações de amizade e boa-vontade.
Em Oslo, fiquei com uma senhora que vivia sózinha e gostava muito de conversar e jogar scrabble. Um dia o filho dela foi visitá-la e conhecer-nos. Apaixonámo-nos ao primeiro olhar. Passados dois anos e após várias visitas, dele a Portugal para conhecer a minha familia e eu de volta à Noruega em várias épocas do ano, acabamos por nos casar e tivemos 2 filhos maravilhosos.
Hoje em dia continuo a pertencer a Servas, como anfitriã em Portugal, recebo vários viajantes e a todos tento dar a mesma atenção e carinho com que fui tratada sempre que viajei com Servas.
Em Portugal não somos muitos e por isso cada um de nós recebe imensos pedidos. Por vezes não conseguimos responder a todas as pessoas que nos enviam e-mails a pedir alojamento. Por isso lanço um repto : se você quiser visitar Portugal, tente telefonar para as casas de Servas, assim terá de certeza resposta.
Dentro de um a dois meses teremos a nossa Assembleia Geral e já estamos a pensar em estratégias para angariar mais sócios, promover encontros e tornar a nossa existência conhecida na imprensa.
Em Setembro fui até Mar del Plata, Argentina, participar na Assembleia Internacional de Servas, representando Portugal. Foi uma experiência inolvidável. Além do facto de ter feito bastantes amigos e ter adorado o dia-a-dia frenético, próprio de um evento que reuniu 130 pessoas de 50 países, voltei para Portugal cheia de energia positiva. Vêr como Servas funciona noutros países foi muito enriquecedor, deu-me algumas ideias que tenciono pôr em prática. Penso que houve alguns problemas pessoais que afectaram o florescimento de Servas em Portugal,no passado, mas creio que há uma nova vaga de sócios que poderão trazer a mudança. É isso que desejo, harmonia e entendimento numa organização com um objectivo e um sentido de vida tão belos: a contribuição para a construção da PAZ!!!!
Carla Kristensen 20/10/2009
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